Sunday, October 30, 2016

Á mui nobre e invicta spoken words performance - Manuel Espírito Santoe Sérgio Rocha

Em Setembro de 2008 eu e uns amigos decidimos fazer uma performance/manifesto de Spoken Words com um texto meu dedicado á cidade mais bela do Mundo - Porto, com guitarra improvisada do músico Sérgio Rocha num qualquer bar da invicta.
 Quem esteve lá, gostou bastante e a minha voz enrouquecida ia entoando palavras enquanto me ia doendo um pouco a cabeça e sem parar as palavras foram sendo soltadas da minha garganta.
 A imagem não é a melhor (foi o que se conseguiu na altura), mas gostei de ter feito esta performance até ficar quase sem energias, sem elitismo, sem presunção e com honestidade. 
 A cidade era muito diferente nessa altura, mais deserta, um pouco perdida no tempo, diferente da cidade que é hoje em dia.
 Depois do vídeo, pode-se ler o texto original e como acredito no poder da cidade onde nasci, o meu blogue teria que ter este mesmo manifesto como registo.
 Texto também dedicado ás minhas quatro gatas que perdi na altura: Jacky, Nuala, Maya e Pimpolha que foram a minha força interior durante mais de 10 anos e das quais perdi o rasto num virar de página, mas guardo-as nas minhas memórias, recordações e no meu coração para sempre assim como a minha gatinha Ilvie que perdi recentemente em Maio deste corrente ano sem entender muito bem o porquê e que foi a minha musa durante mais de 5 anos.
 Na minha consciência, na minha vida com estas 5 gatinhas desde que as trouxe para a casa onde vivia na altura, as mesmas sempre me deram muito mais do que o que eu lhes dei durante os anos passados na sua companhia, pois controlaram os meus sentimentos, emoções, a minha alegria e o meu choro quando tal foi necessário na nossa vida em conjunto e por elas sempre lutei até á minha exaustão.
 Manuel Espírito Santo




                         "Riscos inconsequentes" 
"Na ânsia de encontrar um risco, as rugas vâo aparecendo e desaparedendo.
No exôdo das mais variadiassimas correntes elitistas, vemos sombras a abraçar sombras.
A noção de tempo é intercalada pela noção de espaço.
A chuva vai-se multiplicando e desmultiplicando numa caverna opaca e ilusória.
O corpo transita e emana energia e energia.
Num mediatismo absoluto; o sol abrazador vai sendo testado em tulipas que se vão abrindo.
Não saberei o que faço ou mesmo quem sou.
Observo pontes, percorro mentes e deambulo pelas estradas.
Palavras conjugadas por letras num grito mudo e inerte.
A cidade é um objecto concreto, o seu pavimento é feito de vivências, os seus pensamentos são peculiares, a cidade vive e fala:
- Quem sou eu?!
- Tantas vozes dentro de mim.
- Tantos braços e tantos beijos por mim passados.
- Tantos encontros e desencontros.
- Tantas lágrimas vertidas no meu pavimento.
- Tantas árvores deslocadas.
- Tanta vida a esvair-se.
- Continuo aqui com as minhas pontes e novas pessoas num processo contínuo de reclicagem.
- Todos estes edificios abraçam-me.
- Toda esta essência envolve-me.
- Sou meramente um ponto num mapa; uma cidade casual, a minha idade é desconhecida.
- Nas minhas artérias, a vida pula num frenesim constante.
- Serei uma cidade ou um posto?!
- Serei um ponto ou um Porto?!
- Povoada; despovoada, pessoas que passam e passam num ambiente febril de intenso trâfego andante.
- Por vezes; escuto sons, são-me murmuradas palavras, mesmo sem eu possuir ouvidos.
- Os meus braços estendidos; abraçam o rio e a areia, indo mesmo por casualidade parar ao mar e por consequência ao oceano.
- Sou um nome.
- Sou um ponto.
- Sou mãe, pai, avô, avó e filho.
- Sou uma alegoria dentro da mente humana.
- Sou um repasto suculento por quem por mim passa.
- Os olhos vão-me observando até ás entranhas.
- Texturas vão sendo completamente trituradas pelas pessoas que se atravessam nos meus caminhos.
- Sou objecto de Amor.
- Sou objecto de Ódio.
- Sou a objectiva de uma camara fotográfica.
- Sou um sonho abstracto.
- Sou a realidade concreta.
- Vivo; sobrevivo e morro todos os dias.
- Sou um palco de cenários.
- Sou matéria para livros, discos e filmes.
- Sou uma voz entoada por um povo.
- Sou um filtro que tarda a acabar.
- Sou a alegria de uns e a tristeza de outros.
- Sou um grito prolongado.
- Sou uma voz muda.
- Faço parte de um conjunto de seres; daí o meu nome.
- Torres; pontes, catedrais. Tudo isto foi aqui edificado.
- Sou a fama e a glória.
- Sou o aglomerado de pessoas numa só.
- Sou essência de um país.
- Sou um mero papel inócuo.
- Sou transitória.
- Sou vaidosa e suja ao mesmo tempo.
- Sou um cinzeiro.
- Faço parte do lixo.
- Sou um mero copo com água.
- Sou alguém que te vê todos os dias; a rir, chorar e a sorrir.
- Tenho nome; procuro identidade.
- Não sou um número.
- Sou uma vassoura intermitente.
- Sou um lápis.
- Sou uma borracha.
- Sou a tua cidade.
As baterias vão sendo uma constante revolta no interior do meu corpo.
O desmoronar de sonhos é o culminar da realidade.
Passando concretamente de margem em margem; o rio é fisico, a ponte uma estrutura.
DOURO ou de OURO?!
Ele tenta falar comigo; eu absorvo a sua alma.
Ele vibra com os meus passos; por vezes fica sujo, outras é límpido e claro como cristal.
Ele tenta falar comigo e eu procuro entende-lo.
O seu discurso é expansivo:
- Nasceste por mim.
- És o meu rebento.
- És uma casualidade inesperada.
- És algo fisico, mas ao mesmo tempo demasiado espiritual.
- Chamo-me DOURO e percorro montes e vales até uma terra que amas.
- Sou um constante atrito.
- Tento ser o teu grito; quando estás mudo.
- Sou mais um dos teus sonhos.
- Sou um mero rio.
- Não pertenço a elites.
- Adoro quando as crianças se lançam para a minha água.
- Observo as casas pequenas, mas com uma intensidade no seu interior.
- Já deambulei por elas.
- Já vasculhei os seus segredos.
- Conheço a minha gente.
- Fazem-me mal e bem, a dualidade de critérios fica á minha responsabilidade.
- Habito um Porto, por mim passam barcos, passam mentes, passam automóveis.
- O constraste não é ilusório entre o que fui; sou e serei.
- Tenho nome, mas não tenho identidade.
- Não sou um número e muito menos uma curva.
- Por vezes na concretização fiável de um piscar de olhos luminoso, mantenho-me na minha margem irregular e tempestuosa.
- Navego em diários circunscritos.
- Vejo e revejo-me com uma aura de algo que tento possuir.
- Sou tinta esvaida num qualquer boião que vai-se estilhaçando.
- As minhas mãos; por vezes sentem-se cansadas, mas o meu abraço é eterno e nunca doloroso.
- Já passaram demasiados anos pelas minhas águas.
- Já cairam pontes sobre mim.
- Já choveram torrentes no meu interior.
- Já despertei esta cidade.
- Sou constantemente um mero rio por onde passam luzes e música.
- Provavelmente; sei quem fui, quem sou e quem irei vir a ser,
- Não tento pensar; AJO.
Na ponta fina de uma esferográfica; tento detalhar o mais lucidamente possivel o que vou sentindo concretantemente.
Por vezes num rocambolesco cenário, encontro uma pomba que me vai observando, absorvendo e falando comigo:
- Trago-te a essência da tua cidade na minha garganta.
- Ofereço-te as minhas asas já de si molhadas pelo teu rio.
- Voo pelo interior dos edificios desta maravilhosa cidade.
- Sinto-me abstraida do que se passa no meu voo fugaz.
- Não entendo a tua linguagem.
- O meu modo de comunicar e pensar é universal.
- Penso que não sou um conceito.
- Sou uma voz interior ímbuida da personalidade de uma cidade e de um rio.
- Absorvo através da passagem fugaz pela cidade o seu fumo.
- Com os pequenos movimentos das minhas asas; sinto-me envolvida em querelas e disputas inconsequentes.
- Trago no meu olhar, o sabor imenso e imerso da chuva e do sol.
- Percorro o teu interior.
- Tento ser absorvida na tua essência.
- A cidade é um marasmo de ideias sem consequência.
- Trago na garganta o sabor adoçicado da manhã.
- Escuto zumbidos incessantes.
- Tento evadir-me da tua sombra.
- Sou um vulto que pernoita nos teus telhados.
- Sou um mero mensageiro na escuridão luminosa.
A cidade é um posto; escuto italiano, escuto inglês, sinto-me perdido em babel.
A cidade continua a transportar-nos para dimensões ocultas.
Embrenhados nas suas pedras rupestres; as casinhas vão comunicando com as outras nas suas ruas estreitas:
- Tento recolher-me em Avalon.
- Tento percorrer aquele que me construiu.
- Sou a génese da natureza.
- Tento obter resposta ás minhas preces.
- Milhares de anos amistosos; colocaram-nos nesta simbiose de pedra Dantesca.
- A amizade tem os seus dissabores.
- As minhas janelas gritam pelo Fogo.
- Ouço as carruagens vazias em Contumil.
- Passeio e deambulo através dos olhares que me irão recordar eternamente.
- Estamos atolhadas em sal.
- Fomos pilhadas.
- Fomos destruidas.
- Encontramo-nos intactas.
- Extraimos as palavras necessárias aos actos desenfreados.
- Nas entranhas da cidade; escutamos um povo, uma voz e ruidos afagados.
- Somos mais do que uma vela acesa.
- Passaram muitas individualidades por nós, mas retemos as que queremos.
- Esmagadas; desequilibradas, endiabradas.
- Somos pedras que pensam.
- Temos vegetação; mas não temos vida.
- Somos povoadas, somos despovoadas.
- Limpam-nos a face com um pano.
- Pintam-nos novamente com cores desmesuradas de arco-íris triunfantes.
- O digital capta-nos.
- As pinturas na nossa face não nos dão identidade, descaracterizam-nos.
- Somos palavras lançadas ao vento.
- Somos a pedra com a qual David atingiu Golias.
- Por vezes; a interrogação e os constantes devaneios dão-nos o sumo que queremos extrair.
- Redigiram-nos com um aspecto ao qual; denominaram Gótico e ficamos coladas a esse conceito.
Olho para a hora; os mosquitos zumbem, talvez Deleuze tivesse razão.
Procuro o sensato no sentido lacto da palavra.
Observo o Universo e a via láctea sem sequer olhar para lá.
Pertenço á cidade; sou mais ponto dentro de um ponto ou uma virgula no interior de uma interrogação.
Desloco frases; solto fumo inconsequente.
O meu nome é um número.
As personagens não existem quando definimos uma cidade.
Estou cansado; mas a cidade vai-me acariciando os cabelos e a face.
- O sentimento de posse é onírico.
- Em que pensas tu, pobre diabo?!
Esbelta e tranquila no seu mar enevoado e estrelado.
A sensação não oculta a emoção.
Botas gastas corroidas pelo tempo; meias com uma constante inércia vão-nos absorvendo.
A mente vai-se dispersando; o sabor das oliveiras não existe.
Eiffel soube o que fez ao separar duas cidades.
Nazoni edificou um templo e no entanto, tudo continua na mesma como quando tinha 15 anos e pulava de frenesim a saber que viria para o teu centro.
Conheço a fome; conheço a miséria, conheço tempestades tumultuosas.
Vagueio por aqui e ali com a ajuda de uma pequena caixa alaranjada.
ALMA VIVA, sonhos de crianças envelhecidas.
SÉ, igreja desprezada e abandonada.
CORDOARIA deserta.
SANTA CATARINA oculta.
Mistérios e mistérios por decifrar.
Estou só, mas não me sinto sozinho.
AMO-TE.
ADORO-TE.

Mas, apesar de tudo sei quem és.
Olhos vitreos corroem-me as entranhas.
A opacidade sempre foi o meu fraco.
- Porque é que me sinto cansada?!
Balbucia a fonte.
Escuto a alma da cidade; espreito em vão uma janela encoberta pela bruma.
- Serei um pássaro?!
- Serei várias pontes?!
- Serei um rio?!
A cidade interroga-se e grita no silêncio da noite.
Sinto-me como o Constantine a perseguir demônios e acabar com eles na cabeça.
Por vezes; as entranhas da cidade chamam-me, não me acredito em consequências.
Diagnosticaram-me essa alcunha; essa comparação e vou assimilhando-a através da magia da personagem; sempre solitário a desaparecer e a desaparecer na minha cidade.
Não demonstro actos de magia, mas as semelhanças são quase inequivocas; aqueles de que mais gosto e gostei vão desaparecendo como se fossem uns verdadeiros fantasmas que por vezes me apontam o dedo e culpabilizam-me por actos por mim efectuados que eu próprio desconheço.
Percorro a calçada da minha cidade com o passo curto ( por vezes ) e com um aligeirado (demasiadas vezes) .
Esta carcaça vai percorrendo mentes, ruas, esquinas e avenidas.
Não me sinto doente; sinto-me liberto quase de uma forma éterea.
Observo árvores a gemerem; escuto o olhar dos gatos que por aqui passam e tento absorver a essência dos cães que abundam na minha cidade, através do meu olfacto.
Fotografias, imagens de guerra despoletadas em pequenas molduras e em dispositivos.
Caixinhas de fósforo, manipuladas através de um simples artefacto.
- Será MAGIA?!
Interrogo-me para mim mesmo.
Chávenas de café vão circulando do exterior para o interior.
Cigarros vão sendo manietados constantemente sem sequer serem uma alegoria.
Escuto as canções das crianças povoadas de realismo.
As metáforas são óbvias para a conjectura actual.
Conversas vão sendo despoletadas e vou compreendendo com exactidão, o porquê de uma geração.
As folhas gritam de angústia ao serem espalmadas como se de um acto intrínseco se tratasse.
Elas vão-se intrigando com estas atitudes:
- Somos percorridas.
- Somos derrubadas.
- Somos acariciadas e transportadas pelo vento.
- Somos alguém que te entende e acaricia quando mais precisas de nós.
- Será o outono um equinócio?!
Vão-se interrogando de uma forma verdadeiramente compulsiva.
Os relógios estão por toda a parte.
O olho vai vislumbrando o que a cidade é.
Tenta aperceber-se dos bonecos que saem das antigas galerias PALLADIUM e tenta-os reconhecer, mas é somente um olho impresso em papel.
No entanto e apesar das inúmeras mensagens de amor escrevinhadas nos muros; ele tenta materializar a sua existência, pois não acredita de todo que é um simples pedaço de papel:
- Sei quem és.
- Reconheço os teus habitantes.
- Observo com acutilância os detalhes pormenorizados da tua arquitectura.
- Detecto as crianças que por ti passam e passaram.
- Sou aquele que te vê.
- Não sou um grande irmão.
- Não sou castrador de ideias.
- Tento narrar-te somente através do meu olhar, daquilo que vejo.
Oceanos gasosos percorrem com exactidão a minha mente; gostaria de estar ou ser lá.
Montes, vales, areia mística, tempo parado e obsoleto.
Pastilhas para o enjoo.
Músicas a serem devidamente escalpelizadas.
Cinza a cinza não é um conceito, é a realidade.
Através de tempestades; chuvas, actos maníacos e doentios, sempre te abracei com o mesmo afecto.
A tua origem é a minha essência.
Foste povoada por gentes de Viriato.
Foste avassalada por Visigodos, cartagineses, romanos, gregos, celtas, mouros e quase todos os povos te formaram sem te darem uma essência concreta.
- Será que foi daqui que te edificaram?!
Continua a minha interrogação absorta e liberta.
As muralhas petrificadas continuam no seu lugar priveligiado a abraçar o rio de OURO.
Na serra do pilar; já na outra margem, observam-se os prévios destacamentos insondáveis de tentativas anteriores de invasão.
CHORAM AS ALMAS DA PONTE PÊNSIL POR TI : INVICTA.
Gaivotas voam sem cessar no teu interior.
Os pardais limitam-se á sua pequenez e aparecem de quando em vez.
As pombas são uma constante na tua inércia atribulada.
O Almeida junto á Câmara sorri para vós; aquelas estátuas que te portam sobre os ombros não se cansam, o edificio é leve como uma pena.
Anjos habitam-te na Avenida dos Aliados e na Praça da Liberdade; um mero deambulador pode observar isso correctamente.
Leões em SANTA CATARINA dão-te uma identidade.
Na rotunda da Boavista; um só leão vai esmagando a águia, dando-nos a ideia precisa de quem te sonhou e materializou.
És somente uma cidade?!
Recordo-te novamente da Praça dos Leões junto á CORDOARIA, onde nas imediações, os estudantes deveriam saber mais das tuas origens.
Os mercados que por ti pulavam de frenesim estão ao abandono, servindo-te somente como um mero adorno visual.
BOM SUCESSO.
BOLHÃO.
FERREIRA BORGES.
SÉ.

Tristemente sós mas felizes por te pertencerem.
As transacções nestes; trocas de produtos e de ideias, conversas alheias, eram uma constante.
No entanto, apesar da fuga massiva para outros centros exteriores e deslocados; deixaram-te ainda com pontos de encontro, os denominados cafés:
ARCÁDIA
REI DOS QUEIJOS
GARÇA REAL
MAJESTIC
(demasiado elitista)

ATENEU (demasiado cultural)
CEUTA
AVIZ
“O PIOLHO”
Lembro-me com exactidão de todos estes cafés povoados de almas no teu interior.
A feira de vandoma, vai lutando até á exaustão pela sua sobrevivência, desde o seu começo na (junto ao arco de vandoma), o encontro nas fontainhas, o desencontro na cordoaria e o reencontro novamente nas fontainhas para mais uma vez adornarem visualmente a beleza que o teu rio emana e as casas que se encontram em ti.
As almas que se vão deslocando a este determinado mercado vão sendo sempre as mesmas; umas mais envelhecidas e enrugadas pelo romantismo de que se impregnou esta feira sem vaidades.
- Lembro-me e visualizo a vossa face durante estes anos.
Vai murmurando a cidade...
Contínuo e linear são os teus traços gerais onde não se vislumbram coincidências oníricas.
- Mais uma chama acesa.
- Mais um horóscopo decifrado.
- Mais um burburinho de asas.
- Mais um som envolvente.
- Um pouco de magia, no recanto da raposa.
- O Deus verde da floresta comigo.
Tudo isto será percorrido na mente do tal mágico ou adivinho o qual ia narrando, umas linhas atrás.
Avisos; sinais, fontes de incoerência.
Matérias para serem dissolvidas e rarefeitas.
- Sou um mero guardanapo encostado num mapa.
Vai-me repetindo incessantemente a cidade.
Minutos vão sendo passados a fio sem qualquer interlúdio.
Ar; terra, fogo, água, fumo incandescente penetra o olhar despreocupado de mais uma alma que vai vampirizando a tua essência.
- ÉS UMA CIDADE CONVULSIVA, NÃO ESTÁS DOENTE....
Vou-lhe gritando ardentemente e repetidamente de CRESCENDO em CRESCENDO.
Alguém traga um cigarro meticulosamente, pausadamente com uma suavidade anormal, notam-se quase lágrimas no seu rosto.
Mais um círculo aparentemente desfeito, vou indagando para mim próprio.
O papel continua no seu grito paulatinado.
Uma aglutinação de ideias, vai sendo transcrita sem o seu êxodo aparente ou superficial.
Chamadas telefónicas; ventos agrestes, tumultos em cadeia.
Palavras soltas ao vento ou em círculos crepusculares.
As notas inocentes vão sendo um sinal cognitivo de uma transposição letal.
Tento conter a minha ânsia de transformar s tuas artérias; rejubilo com a sensação que vivo em TI.
Imagino a grandiosidade das palmas que te vão sendo oferecidas; repastos de um tal ÉMILE COHL vêm-me constantemente á cabeça.
Absorvo a essência de MÉLIES na transposição aparente de mais uma cidadezinha a orbitar eternamente com os seus pseudo-loucos a gritarem-me constantemente.
Nas minhas calças sujas; nas minhas mãos magras, tento espelhar-te sem sequer me tentar identificar.
Não possuo memória de elefante, mas percorro a tradição matinal de reflexão coerente e devastada.
Uma rapariga vai percorrendo mesa a mesa; denotando fragilidade nas suas emoções e sensações.
O estado de espirito é semelhante ao estado de alma.
- Talvez hoje não será um dia favorável.
Vai suspirando a cidade para os poros do corpo da rapariga.
- Um DONUTS com chocolate fabuloso.
Vou pensando para mim mesmo.
A atitude pouco reflectiva e nada ilusória vai-me presenteando com o quotidiano.
A fauna é o acto reflectido na incessante procura da flora.
- PARA QUÊ VOU ESCREVENDO?!
- SOBRE QUÊ?!
- PARA QUEM?!

Continua o burburinho de vários objectos a triturar a minha mente.
Sonhos povoados e despovoados; desmistificados num qualquer sotão transcendente.
O meu beijo interior continua no seu aperto melancólico a um simples cigarro.
A espera continua; a assembleia de Deuses é-nos ditada de uma forma pagã.
Assustadas; as divindades confundem-se, o correcto é o incorrecto, o simples vai-se transformando num abstracto.
O triângulo invertido vai fazendo parte dos meus pensamentos.
Sentindo o burburinho interminável de palavras ofuscadas não vou entendendo a tua génese.
És uma cidade viril na majestosa RIBEIRA, o desencontro é letal e o assombro por demais evidente.
Teatros pontificados; mergulhados em decadência vão dando a imagem transitória da tua essência.
SÁ DA BANDEIRA remetendo-nos para a popular revista e o pêndulo HARDCORE.
SÃO JOÃO dignificado aos impropérios de uma burguesia casta de ideias e que vai sendo concretamente aniquilada e devastada.
RIVOLI em transmutação constante com espectáculos para mais umas quantas élites.
CARLOS ALBERTO (regente de Savóia) vai permanecendo quieto e amorfo sem nos darmos conta disso.
Música desenvolvida em artérias desconhecidas.
- Quero ver o mundo através do teu olhar e dos teus olhos.
- Quero oferecer-me ás tuas lágrimas mistificadas.
- Planeio um ataque frontal á tua fenomenal RIBEIRA desertificada.
Bares que vão permanecendo iguais e sempre com as mesmas gentes.
OS SEUS SIGNIFICADOS NÃO SÂO UM DÉBITO, SÃO UM CRÉDITO."

Second exhibition at boéma caffe with international tributes to Valentina to promote Fantagraphics Crepax collection - Photos - October2016

Dear friends and artists,
Here are some pics taken from the second exhibition held at boémia caffe in Porto at October 2016  with visions of Italian maestro Guido Crepax main character Valentina made by international artists to promote Fantagraphics Crepax collection that's part of my job as consultant editor at Fantagraphics and that I'm series editor of it.
 Exhibitions are always real hard work, curating this one is hard work and joy at the same time, since it's at my hometown and was made in boémia caffe that I love a lot, being it sometimes my main office.
 There were also made some videos with footage by Duarte Aguiar explaining the exhibition, my concept of what arts could be when merged in Portuguese, Spanish and English that you can watch if you want in the right side of this blogue (where I also have some videos of myself reciting some texts of mine that I've wrote in Portuguese in the past years).
 I've decided to publish in this post an interesting article made about my work at Fantagraphics Crepax collection by Swedish comic book connoisseur Mikke Schirén in December 2015 at Sekvenser magazine and that's in Swedish and an amazing caricature of myself by Spanish Artist and maestro Pedro Espinosa given to me in my birthday - 30th December 2015.
 Many thanks for all the amazing support given to me by artists (you're all awesome), friends and journalists from all over the world about this collection.
 Special thanks to Daniel Castro (boémia caffe's owner), friends,  Gary Groth (Fantagraphics owner), Caterina Crepax, Spanish Artists and maestros Santiago Sequeiros and Felipe H. Navarro, Argentine Artist Mister Ed that were awesome (as always) and made excellent artworks for me to use in the videos and to my kitty Ilvie that always haunts my dreams.

With an artwork made by Spanish artist Santiago Sequeiros to use for the videos


With Pedro boémia caffe staff during the exhibition with tribute pages to promote Fantagraphics Crepax collection with script by me and artwork by Brazilian artist Brao, Portuguese Artist Paulo Pinto, Spanish artists Pedro Espinosa and Sandra Hernandez


With Portuguese artist Paulo Pinto showing tribute artwork to Valentina by American artists - Andy Bennet, Jeffrey Alan Love and Bob Burden, Spanish artist Eduardo Alvarado, Brazilian artist Laudo Ferreira jnr, Portuguese artist Ágata Rola and Italian artist Sergio Ponchione.  


With video editor Duarte Aguiar showing tribute artwork to Valentina by American artists - Andy Bennet, , Spanish artist Eduardo Alvarado, Portuguese artist Ágata Rola, Spanish artists - Joaquin Aldeguer and Lem Castañeda Serrano, Italian artist Sergio Ponchione and the beautiful model Antonella Adamo.  

Conversation with friends about the exhibition with tribute artwork by Spanish artist Albert Pons Vasquez and Juan Berrio.

Tributes to Valentina by Spanish artist Jano and Brazilian artist Fernanda Guedes 

Tributes to Valentina by French artist Isabel Pessoa, Brazilian artists Eder and Rodrigo Rosa, Portuguese artist Debora FM, Russian artist - Alexandra March and Spanish artist Jon Ander Azaola 

Sekvenser magazine book cover


article made about my work at Fantagraphics Crepax collection by Swedish comic book connoisseur Mikke Schirén in December 2015

Amazing caricature of myself by Spanish Artist and maestro Pedro Espinosa

Sunday, October 23, 2016

Italian Artists - Valentina tributes to Promote Fantagraphics Crepaxcollection

Tributes to Valentina to promote Fantagraphics Crepax collection.
https://www.facebook.com/manuel.faria.754918
 Don't judge me wrong, I love you all a lot and I sincerely apreciate all your support with some of my ideas, but I need to split in my mind what's Professional and what's personal in order to gain more focus in the work that I do, be it curating exhibitions, book collections, interviews, presentation videos, prefaces to books or book presentations.
I'll organize the tributes by artist in alphabetical order and put each artist in bold to be easier for you to see your tributes and where they were exhibited along your quotes about the character Valentina and your Biography aswell.
 Many thanks to all of you for all your work and hope that you continue to support some of my ideas.
 Special thanks to Gary Groth, Caterina Crepax and my muse and source of inspiration, my kitty Ilvie that was stolen from my sight recently.

Alice Crepax Giordana - 

Not yet exhibited


Antonella Adamo - 

Exhibited at second boémia caffe in Porto


Caterina Crepax - 
Biography
Caterina Crepax  was born in Milan in February 1964
Architect, Interiors designer, she molds paper into sumptuous dresses, characterized by breathtaking details,  creating objects of desire.
Focusing on the reuse of paper, she is inspired by the ironic game of metamorphosis, transforming the raw material  into precious "tissues". Her artistic touch gives life to sculptures, wearable elements for fashion shows and theaters, sets displays for exhibitions and events. Caterina is furthermore engaged in special projects  for fashion and design schools.
Another part of the professional experience encompasses her involvment for Guido Crepax Archive, with use, selection and treatment of the images and projects of  exhibitions dedicated to her father.
She creates 3D comic strips making handmade small paper dioramas.

Not yet exhibited

Exhibited at the first boémia caffe exhibition in Porto 

Rocco Lombardi - "In Valentina eroticism is the encouragement to explore the power of the feminine , imagination , creative thinking ... An incredible opportunity for men who do not stop on the curves of the body of Valentina!"
Biography
Rocco Lombardi was born in Formia, Italy, in 1973. He public comics and illustrations since 2001. With Lamette Comics has edited The scarred tree (2006) and Non senza mano cattiva (2011). He Posted the silent comics Annetta (NPEditions 2009) and Alberico (GIUDA Editions, 2013). He made duet with Simone Lucciola in Campana  (GIUDA Editions 2014). In 2014 for BluGallery public FieraNera, an illustrated  apocalyptic bestiary. He goes around in Italy together Marina Girardi with Nomadisegni: a work in progress project made of traveling workshops , stories and drawings inspired by the landscape.

www.lalberosfregito.blogspot.com
www.nomadisegni.it

Sergio Ponchione - "Beauty is in the eye of the beholder"
Biography
Sergio Ponchione was born in Asti, Italy, in 1975. Comic artist and illustrator, he published in Italy, France and USA with various publishers like Sergio Bonelli Editore, Coconino Press, Comma 22, Vertige Graphics and Fantagraphics Books. Among his major works: Obliquomo, Grotesque, Impronte Maltesi and DKW - Ditko Kirby Wood. He contributed to several italian magazines like Internazionale, Wired and Linus, most famous and long-lived italian comic magazine for which he recently designed the 50th years’ issue cover. For his works he won the Gran Guinigi and Micheluzzi prizes. He is currently working on Dylan Dog comics for Bonelli and on a personal new graphic novel.

Exhibited at the first boémia caffe exhibition in Porto 

Stefano Zattera - "Me and Valentina are both 50 years old. I have spent these years drawing. She has spent these years being drawn"
Biography 
Stefano Zattera, (Born in Vicenza, 1965) is a cartoonist, illustrator, painter and writer.
After Art School and Accademia di Belle Arti of Venice he began in the 90's a self-production with fanzines as: Delirio, Zattera distorsioni, Baby Burger & Fast Dog and I viaggi dello Psiconauta. He collaborated with Interzona (Italy), the Centro Fumetto Andrea Pazienza: Schizzo, Monograph Book Earl Foureyes (Italy), Italia Online (Italy), Stripburger (Slovenia), Italian Monsters of Stampa Alternativa (Italy), Tattoo Comix AAA editions (Italy), Rancune (Belgium), Horrorgasmo and Mater Universalis Mondo Bizarro Press (Italy), Biblia (Portugal), Lamette (Italy), Monografico (Spain), Inguine Mah! gazine of Comma-22 (Italy), Malefact (USA), Black Coconino Press, XL of Republica (Italy), Il Male of Vauro and Vincino, Barricate (Italy), Inner Space of Latitude 42 (Italy). He published a short story in the anthology "Veneto Texas" editions La Case. It was in the collective novel "IL Palazzo" for Tragopano editions. He teaches Illustration at the School of Comics Wonderland of Vicenza.
www.stefanozattera.it
main exhibits:
He exhibited in Comics Convention in Lucca (Italy), Napoli (Italy), Treviso (Italy), Anguleme (France), Seoul (Corea).
Art galleries: Mondo Bizarro (Bologna, Italy), Mondo POP (Roma, Italy), Gestalt (Pietrasanta, Italy), Antonio Colombo Arte Contemporanea (Milano, Italy), The Don Gallery (Milano, Italy), La Luz de Jesus (Los Angeles, USA).

Not yet exhibited
Thomas Campi - 

Not yet exhibited

Saturday, October 22, 2016

Entrevista exclusiva de Cristina Breccia sobre su padre Alberto Breccia

He pensado en hacer una entrevista a Cristina Breccia un poco distinta de la que hice a Patricia Breccia tambien en este mismo blogue.
 Cristina ha sido mui amable a contestar las 12 perguntas que le hice con alegria y buenas memorias de su padre Alberto Breccia y de sus hermanos : Enrique y Patricia Breccia.
 Gracias Cristina


Tebeo de Cristina Breccia 



Manuel: Como ha sido vivir con tu padre, conociendo tu su talento en la arte de los tebeos como uno de los mas grandes?

Cristina Breccia:  Solo cuando crecí, tuve la dimensión del talento y la fama de mi padre.
A casa venían los mas grandes hitorietistas, ejemplo Hugo Pratt, al que
tomábamos como alguien divertido que tocaba la guitarra y cantaba
canciones italianas y Blues..
Luego al crecer vi a mi padre de otra manera, hay que entender que
desde que tenía uso de razón, estaba en su estudio viéndolo trabajar y
creando sus mas grandes personajes, que para mi era lo normal, al
igual que escuchando a Oestherheld contándonos a mis hermanos y a mi
los cuentos de terror mas espeluznantes que te puedas imaginar,
mientras tomábamos mate... jajaja
Mi infancia fue totalmente fuera de lo habitual, solo que yo en ese
momento no lo sabía y tuve el privilegio de criarme entre grandes, con
un padre realmente genial y tierno.

Manuel: Se que Alberto Breccia era un luchador contra el fascismo y la libertad de expression en un momento complicado de Argentina, que puedes decir de esto?

Cristina Breccia: Así es, fue un momento sumamente complicado, pero también estábamos
conscientes que el pueblo argentino estaba entre dos ideologías que no
nos representaban, ya sea la militar, compuesta por Liberales, como el
ERP y los Montoneros netamente Castristas, que tampoco representaban a
nuestro pueblo. Ojo, mucho mas tarde papá y todos nosotros vimos lo
que se escondía detrás de este conflicto y ya no vimos al Che Guevara
como un liberador. El pueblo argentino es muy particular, y no acepta
la imposición de ideologías foráneas, como que nos parecía muy bien.
En una palabra, tanto los militares, como los terroristas, hundieron
al país.

Manuel: He leido obras increibles como Perramus con Juan Sasturain, y Oesterheld con Mort Cinder, que piensas de estas obras?

Perramus de Juan Sasturain y Alberto Breccia 



Cristina Breccia: Como vos bien decís, son obras maravillosas, si me pedís mi opinión,
Mort Cinder le lleva muchas cabezas a Perramus, sin desmerecerlo, ya
que aquí juega mi gusto personal por las obras netamente fantaciosas.
Perramus es una obra localista, escrita como los dioses, que marcaba
un período del país, aunque se pueda leer en todo el mundo.

Mort Cinder de Oesterheld y Alberto Breccia



Manuel: Se que la adaptacion de El Eternauta tambien con guion de Oesterheld ha creado alguna polémica en 1969 en la revista Gente, se que es un poco diferente de la que ha sido publicada por Fantagraphics dibujada por Solano Lopez, porque piensas que ha habido tanta polêmica en Argentina y españa?

Eternauta de Oesterheld y Alberto Breccia



Cristina Breccia: Lo hablamos en su momento con papá y él creía que era debido a su dibujo, ya que Solano Lopez tenía un dibujo mas figurativo y el de
papá, como sabés ya estaba cambiando.
La obra fue rechazada mas que nada por los directivos de la revista,
que no estaban preparados para un nuevo estilo de historieta. Si no me
equivoco, ya que no tengo el primer ejemplar, hubo una nota de la
dirección de la revista, donde decía mas o menos que ellos no estaban
de acuerdo no con la temática, sino con el estilo de dibujo, cosa que
puso al público en contra. Papá estaba indignado.

The Eternaut de Oesterheld y Lopez publicado por Fantagraphics



Manuel: Las adaptaciones de historietas de horror de tu padre me encantan, Dracula, Poe y particularmente Lovecraft, puedes decir un poco la técnica que el ha usado en Lovecraft?

Cthulhu de Alberto Breccia



Cristina Breccia: Él era un gran lector de novelas y cuentos de terror, cada vez que
leía un cuento nuevo, enseguida pensaba en llevarlo a la historieta,
ya sea seriamente como el Lovecraft, cuya adaptación menos una, las
hizo mi esposo Norberto Buscaglia o en forma humorística como el Drácula.
Poe es un capítulo aparte, es sencillamente genial, los encuadres
marcaron un antes y un después en la historieta mundial. Hay otras
obras como el Mujima, la Gallina Degollada etc. que son monumentales
también.. A papá le encantaba este género, mucho mas que el político.

Manuel: La adaptacion de los cuentas de los hermanos Grimm de tu padre con guion de Carlos Trillo son las primeras versiones de los cuentas macabros de ellos, cierto?
Como ha sido para ti leer estas historietas?

Pagina de Hansel y Gretel de Carlos Trillo y Alberto Breccia


Cristina Breccia: Si, la adaptación fue de Carlos Trillo, y si no me equivoco fueron
los primeros, como te dije anteriormente mi padre transformaba un
cuento de terror en humorístico (Drácula) como cuentos para niños
(Hnos. Grimm) en algo macabro y si se quiere, de terror..jajaja
Para mi era un indecible placer leerlos, ya que conocía de niña los
cuentos de Grimm y de grande la versión macabra de papá y Trillo.

Manuel: Otra obra maestra es Ernie Pike tambien con guion de Oesterheld, porque tu padre ha dibujado muchas obras maestras de el,  como ha sido su relacion personal con un guionista como Oesterheld?

Ernie Pike de Oesterheld y Alberto Breccia



Cristina Breccia: Con Héctor Oesterheld, la relación fue maravillosa, era una especie
de tio que nos contaba cuentos de terror, teníamos que apagar las
luces del estudio para crear el clima y con una voz con todas las
inflecciones de un consumado actor, nos aterrorizaba...jajaja
Además presencié las ideas y discusiones de alguna obra nueva que se
disponían hacer, ahora no recuerdo sus nombres, pero si recuerdo los
siguientes guiones de Mort Cinder, lo de la Torre de Babel,
especialmente, porque los temas históricos les fascinaban a los dos.

Manuel: A tu padre tambien le encantaba personajes reales como Che Guevara o Evita y ha hecho libros con ellos, piensas tu que el queria hacer un legado a estos íconos de todos los tiempos?

Che de Oesterheld y Alberto Breccia



Cristina Breccia: Realmente no, y esta es una conversación que tuvimos mas adelante en el tiempo.
En el momento que dibujó el Che, se nos representaba como un luchador
por la libertad de los pueblos, y si era admirado, pero mas tarde nos
enteramos que había mucho de leyenda, papá cuando fue a Cuba, escuchó
al pueblo y volvió horrorizado. Ni Castro ni el Che, tenían un alto
concepto en su pueblo, sobre todo con la fortuna que había amasado
Castro, dejando a su pueblo en la miseria total.
Con Evita, la cosa no fue muy distinta, papá no era peronista y a
pesar de que en la Argentina se vivía inconmensurablemente mejor que
en Cuba, el reproche que le hacía, era el de un gobierno clientelista,
donde la figura de Perón y Evita era ensalzada a lo máximo y mi padre
rechazaba eso.
Aunque nunca dejó de reconocer que en esa época la Argentina estaba
muy bien económicamente.

Evita de Oesterheld y Alberto Breccia



Manuel: El ha adaptado tambien historietas de escritores grandes como Ernesto Sabato, Borges o Garcia Marquez entre otros, piensas que para el dejar un legado de estos maestros latino-americanos era algo importante en su vida?

Cristina Breccia: A ver, no se si para dejar un legado, en todo caso les gustaba sus
obras y por eso quizo dibujarlas. De esos tres escritores, al que
realmente admiraba era a Borges, yo estuve con Borges y papá tomando
un café y escuchando como estos dos genios hablaban de literatura,
esto fue mucho antes de que papá hiciera una historieta de ellos.
Con Sábato solo hablaron de pintura, no estuve ahí, pero no le causó
la mejor impresión, ya que decía que "ERA UN VIEJO VANIDOSO, QUE NO
PINTABA BIEN"...jajaja Choque de titanes, es la palabra.

Manuel: Tu, Patricia y Enrique tambien son artistas, como ha sucedido esto?
Piensas que ha sido una influencia de un artista de los mas grandes de los tebeos de siempre que ha hecho que sus hijos empezaran a hacer tambien sus trabajos artísticos?

Cristina Breccia: Los tres dibujamos desde que pudimos sostener un lápiz en la mano, era como comer o tomar agua, papá nunca nos influenció en el sentido
que nos enseñó a dibujar, la cosa vino sola. No te olvides que apenas
llegábamos de la escuela, íbamos al estudio de papá que estaba en
nuestra casa y era enorme y nos daba papel, lápices y tinta para que
dibujáramos, lo hacíamos en el suelo, ya que todas las mesas estaban
ocupadas por sus ayudantes, que a su vez, le servían de modelos, para
las poses de lucha etc...

Manuel: Como miras tu padre como persona y no como artista?

Cristina Breccia: Era un hombre tierno, realmente tierno, que nos quería mucho y al
morir mamá cuando Enrique tenía 20 años, yo,15 años y Patricia 10
años, hizo todo lo posible para sacar la familia adelante.
Se que pasó muchas angustias, no es fácil tener que ocuparse de dos
adolescentes y de una criatura, mas la tristeza de la muerte de mamá,
pero lo logró.
Cuando era mas chiquita, casi no veía a papá, porque trabajaba hasta
altas horas de la noche en otro estudio, así fue por muchos años,
hasta que cumplí 7 años, que terminó de construir el chalet, donde el
estudio estaba integrado y no dejé un día de verlo.
Siempre recuerdo que cada viaje a Europa significaba para nosotras una
muñecas fabulosas y todos los juguetes que te puedas imaginar, mas los
libros infantiles mas hermosos que leí y que aún conservo.
En mi caso, nunca tuve conflictos con mi padre, para él, era su Solcito..jaja

Manuel: Que piensas de tu país donde has nascido (Argentina) y tu padre tambien ?
En Europa miramos Buenos Aires un poco como Paris, mas mucho mas grande en tamaño.
En Estados Unidos, pienso que los artistas argentinos no son asi tan conocidos como en Europa, qual és tu opinion de esto?

Cristina Breccia: Para mi, Argentina es mi Patria, la amo con sus defectos y
virtudes, como se ama a los padres, sin condicionamientos y dando mi
pequeño granito de arena, para hacerla mas vivible.
Desde la guerra de Malvinas, y por mandato extranjero, Argentina se
fue degradando cada vez mas, nuestro VGM ( veteranos de Malvinas)
fueron sacados de circulación, incluso nuestros héroes, que los hubo y
mucho.
Y cuando digo sacados de circulación, es que les inventaron cargos de
violación de DD HH ( Derechos Humanos) por el solo echo de que eran
militares nacionalistas, ya que sus derechos son continuamente
violados, porque no les permiten defenderse, están hacinados en
prisiones de máxima seguridad y por razones de edad ( la mayoría
excede los 70 años) no se les permite que cumplan detención en su
propia casa. Ojo..!!! Estoy hablando de militares serios, no de los
asesinos ya sea militares como civiles, que torturaron, entregaron
bebés y masacraron gente, se entiende? Esos, bien presos están..!!!!
Bs As fue París, ya no lo es, ahora es un conglomerado de la gente mas
marginal que te puedas imaginar, ya que con el gobierno de Cristina
Fernández de Kirchner, se permitió la entrada por las fronteras de lo
mas bajo de los pueblos del Paraguay, Bolivia, Perú, Chile, Colombia
etc Sin documentos, ni trabajo, que hicieron grandes "villas miseria"
en plena ciudad y alrededores, con la consiguiente inseguridad. Bs As
es un lugar peligroso ahora.
Siempre supe que el mercado estadounidense era difícil, ustedes tienen
dibujantes e ilustradores, excelentes y hay que ser muy talentoso para
meterse en él. Que publiquen obras de papá, es para mis hermanos y
para mi, algo maravilloso. De estar vivo papá, habría estado
encantado.
Papá como sabés era Uruguayo, pero como se crió en Argentina, la amaba
mucho, el tango y el mate, eran todo para él..jaja... En política no
se metía mucho, los politiqueros en la familia éramos Enrique y yo, y
a papá le disgustaba mucho que se discutiera de política en su
presencia.
Sin embargo admiraba a nuestros próceres, San Martín, Belgrano etc y
tambien al General Artigas, un prócer uruguayo que luchó junto a los
nuestros por liberar las dos Patrias.

Sequential love story/arts project - Part 96 - International artists

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