Thursday, May 14, 2020

Uma pequena fábula em discurso directo para a Mónica



Pergunto-te:
- Então, como anda a vida?
- Meia perdida?
- Um café com máscara?
- Sem açúcar e com bolachinha?
- Bebemos o mesmo com palhinha?
- Super-homem de aço?
- Um carro que não dá um passo?
Enquanto te pergunto isto, estava a comer uma sopa de morcego...
Não era uma delícia, mas não fiquei infectado devido á minha perícia...
De repente olhas para mim...
Num frondoso jardim...
Respondes-me:
- Pós de perlimpimpim...
- Arlequim...
- Concertina...
- Columbina...
- Comédia de arte...
- Colher á parte...
- Música no ar...
- Há que saber a apanhar...
- Palhinha...
- Colher...
- Mulher...
- Dormir...
- Sorrir...
- Escolher...
- Lazer...
- Não como sopa de morcego...
- Não me faças isso...
- Dou-te um nó cego...
Eu já nem pensava em estilo ou num qualquer cenário paradisíaco cheio de amoníaco...
Peguei num tostão e comprei pão...
Escuto o teu riso sem parar no ar...
Dizes-me isto:
- O teu cenário não tem horário...
- Anda dançar comigo...
- Existe uma cerejeira em flor...
- E não tem dor...
- Existe algo no ar...
- Talvez seja um pardal a sonhar...
- Tu, dragão?
- Dá-me a mão...
- Emoção...
- Sensação...
- Anda comigo sem ilusão...
Eu já nada dizia, pois é de dia e temos energia...
Ao chegar a noite, os grilos cantavam...
Tu dizes-me que eles sonhavam...
Fazes-me um chá quente para beber (com palhinha) para mais tarde ir para a caminha...
De repente gritas ao meu ouvido:
- Rapaz, tu nunca viveste num mundo perdido ou esquecido...


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