Thursday, June 21, 2012

Entrevista exclusiva do autor Olivier Deprez acerca da cidade do Porto e da região do Douro aquando do festival Mab para o blogue Invicta Indie Arts.

Olivier Deprez na região do Douro




Manuel Espirito Santo 
Olá Olivier, vieste ao Porto com o apoio do festival Mab nos dias 10 e 11 de março de 2012. Qual foi a imagem que tiveste da cidade do Porto
Tiveste uma ideia mais precisa do que era esta cidade e a sua envolvência?

Olivier Deprez 
Fiquei com uma enorme recordação da cidade do Porto
Guardo na minha memória as ruas estreitas, a parte velha da cidade, o rio, o oceano...
É uma cidade na qual ficamos com uma sensação de querer fazer parte dela e habitá-la. (Tive o mesmo sentimento com a cidade de Turim). 
Para ficar com uma ideia mais precisa, penso que precisaria de mais do que uma semana a desfrutar desta cidade. Do Porto vou-me lembrando de pequenos fragmentos. 
De pedaços deslocados que não se "colam" necessariamente.

Manuel Espirito Santo 
Já fizeste trabalhos um pouco por todo o mundo. Que pensas do trabalho que fizeste com o apoio do Mab para o vinho da Niepoort e gostaste da região do Douro
Quais são as imagens e recordações que te ficaram na memória aquando da tua passagem por lá?

Olivier Deprez 
Honestamente, devo atribuir a César o que é de César
O trabalho que fiz para a Niepoort foi uma excepção nas minhas actividades artisticas, Fiz um esboço normal e  acabei por fazer mais dois rótulos para o vinho. 
Este tipo de trabalho esteve de acordo com a sociedade capitalista na qual vivo.
 Não tive qualquer satisfação pessoal com o mesmo. 
"Deve-se viver bem" como diz a expressão popular. 
Existiram alguns mal entendidos o que fez com que o mesmo se tornasse mais penoso quando não o deveria ser. 
O meu ideal de vida é não voltar a fazer este tipo de trabalho. 
Não tenho o "feeling" de um designer ou ilustrador.
 O acolhimento da Niepoort foi uma surpresa bastante alegre. 
A paisagem da região do Douro faz-nos sonhar. 
Gostariamos de nos perder um pouco mais além das colinas que avistavamos.

Manuel Espirito Santo És dos poucos artistas no mundo a fazer xilogravura.
Achas que no mundo digital actual ainda há espaço para técnicas mais "orgânicas" como a xilogravura?

Olivier Deprez
Não sou o único artista a utilizar a xilogravura. Nos últimos tempos estive na Bélgica no La Louviére no centro de gravura e imagem impressa (un bonito museu daquele país), e estava a acontecer uma exposição sobre a gravura sul americana. Pude ver gravuras cravadas na madeira contempôraneas. 
Existe também um artista alemão que faz xilogravuras hiper realistas em grande formato. 
Penso que é um pouco vago conceber tecnologias artisticas num ângulo progressista e evolucionário. 
O digital não exclui a xilogravura, longe disso. 
A gravura na madeira possui caracteristicas próprias que nenhuma nova tecnologia consegue nos dar. 
De um ponto de vista industrial, esta técnica parece não ter sentido, mas vendo esta técnica artisticamente o oposto entre o digital e as técnicas tradicionais é o que faz parecer com que estas não tenham sentido.
Será que existe lugar no nosso quotidiano para esta técnica ou para o tipo de trabalho que posso fazer? 
Existe um lugar para mim mesmo de acordo com este estilo ou meio de expressão. 
Eu não espero que a sociedade me diga para modificar a minha técnica ou para conceber outra.
Para melhor observarmos o que acontece e que possa existir, deveremos evocar a relação autor/leitor. 
No caso do livro "O castelo" (adaptação do livro de Franz Kafka) que está esgotado, posso deduzir que deu uma resposta a cerca de 1300/1400  leitores. 
Para mim, chegam dez pessoas, mesmo três.
O meu objectivo não é seduzir milhões de leitores. 
Com um pouco mais de modéstia, tento encontrar um caminho para abrir o meu espaço. Sabendo que na arte nunca temos a certeza de nada. 
As glórias de hoje podem ser o esquecimento de amanhã e vice-versa.
O mais importante para mim, é saber qual o curso que devo seguir e como diz André Gide (escritor francês, vencedor de um nobel em 1947)   
"Nunca devemos colocarmo-nos em bicos de pé".

Manuel Espirito Santo 
Trabalhas somente a fazer bandas desenhadas e ilustração ou irás também te dedicar a fazer filmes de animação?

Olivier Deprez:  
Na verdade fiz pouquissima BD. 
Nestes ultimos anos, fui desenvolvendo um projecto artistico que mistura: performance, gravura, obra de autor, etc. 
Um filme é também um livro, sendo ao mesmo tempo uma instalação sonora e visual. 
A banda desenhada concebida de forma isolada não me interessa minimamente (assim como a pintura ou a escultura também isolada dado a  ser estática, entre outras).

Rótulo da garrafa feita pelo artista Olivier Deprez em conjunto com Kai Pfeiffer, Lars Henkel, Dominique Goblet e Melinda Gebbie para a companhia de vinhos Niepoort.



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