Friday, June 7, 2019

Entrevista exclusiva ao músico Vitor Rua - Fundador da banda portuense GNR


Prefácio para uma entrevista (des)informativa.
Estava um sol abrasador e eu manifestamente perdido nas minhas memórias e ideias sem saber o que fazer enquanto ia lendo ou escrevendo narrativas em livros com a ajuda de alguns dos melhores artistas internacionais da actualidade, quando de repente vejo uma notícia qualquer que colocou em causa as origens da banda portuense GNR fundada pelo músico Vitor Rua.
Sem saber muito bem o que pensar ou fazer, decidi fazer uma entrevista ao próprio Vitor enquanto músico, por vezes na mesma ia-me perdendo com (des)informação e começava a duvidar da minha sanidade mental e ele ia-me esclarecendo um pouco do seu percurso como músico e as suas fontes de inspiração.
Pouco fiquei sabendo na entrevista pois quando acabei de tomar um café e fumar um cigarro, repentinamente a minha sombra abandonou-me à minha sorte num calor escaldante deixando-me num pequeno bolso das calças que usava 65 cêntimos.
Obrigado ao Vitor e a todos os artistas internacionais que me deram ou irão dar-me no futuro imediato algumas memórias para relembrar tempos diferentes onde a internet era ainda uma qualquer ilusão.




Livro "brief lives" do personagem Sandman criado pelo escritor inglês Neil Gaiman 


A obra prima The Invisibles do escritor escocês Grant Morrison 


Interlúdio musical com o tema "Bigmouth strikes again" dos The Smiths




Vitor Rua 

01. Tendo sido tu um dos membros iniciais da banda portuense GNR, que faz parte da história musical não só da Invicta, mas a nível nacional, poderias nos revelar um pouco de como te despediste da mesma com um manifesto?

Os GNR no seu início


Eu não fui “um dos membros iniciais”! Eu fui o fundador dos GNR. E eu não me “despedi”! Eu demiti os GNR num Manifesto para os Média em 1983.

Da esquerda para a direita Tóli, Alexandre Soares, Vitor Rua e Miguel Megre 
02. Lembro-me de por vezes pensar quando era adolescente em quem eram os GNR e o que a sua sigla nos transmitia nos anos 80 na cidade do Porto, uns contavam-me que a mesma estava associada á Guarda Nacional Republicana, outros diziam-me que a banda era uma "grande ninhada de ratos", poderias nos descrever com precisão o que aquelas três letras significavam?




Elas significam o que toda a gente sabe que significam e que fazem parte do nome que eu inventei para a Banda desde o início e pelos vistos deves ser a única pessoa em Portugal (para não dizer no Planeta) o que significa e que vem em todos os discos e jornais e livros: GNR: Grupo Novo Rock!

Os GNR : Vítor Rua, Alexandre Soares, Tóli César Machado e Miguel Megre 

03. És um compositor autodidacta que começou a trabalhar na música, também nos anos 70, através do grupo musical King Fishers Band.
 Como vias tu nessa altura o panorama da música nacional?
 Poderias nos escrever um pouco sobre quem eram os membros dessa banda e as vossas influências musicais? 
King Fisher's band 


Não há muito a dizer sobre essa matéria: era um grupo liderado pelos irmãos Mesquita (Jorge e Orlando) e tocávamos música Folk e Country de outros músicos e bandas estrangeiras (em especial americanos).

04. Sei que numa entrevista que fiz ao Repórter Estrábico para este mesmo blogue, quer ele, quer eu ficamos um pouco perdidos sobre o que era a invicta no passado e o que é a mesma no presente. Poderias nos dar a tua opinião sobre como tu vês actualmente a magnifica cidade do Porto


Luciano Amaro Barbosa 

Repórter estrábico


Não faço a mínima ideia: Saí do Porto em 1983 e nunca mais lá vivi. Vou por vezes lá visitar a minha família ou dar concertos. Não sou a melhor pessoa para responder a essa questão.

A invicta 

05. Nos anos 80 foste um dos fundadores da banda Telectu junto com o músico Jorge Lima Barreto num conceito de música improvisada, cyberjazz, psicanalítica e que inclusive tiveram como inspiração contos de ficção do escritor norte-americano Philip K. Dick. 
 Poderias nos descrever um pouco como foi essa fusão entre palavras escritas de K.Dick com os sons difusos dos Telectu?


Disco Telectu "ctu telectu"


Faixas dedicadas ao escritor americano Philip K. Dick 


02



Eu na altura nem sabia quem era o Philip K. Dick. Foi o Jorge Lima Barreto que deu os nomes do primeiro disco e que o dedicou a ele. Só depois vim a ler a obra do Dick. Por isso não houve “fusão” nenhuma pois eu desconhecia por completo a obra desse autor.

Jorge Lima Barreto e Vitor Rua em 2006

A obra magistral "counter clock world" do escritor Americano K.Dick

06. Nos dias de hoje perdeu-se muito o culto do objecto físico (cassette, vinil, cd) que disponibilizava música para fãs de bandas que produzem música quer a nível nacional e internacional para plataformas como Spotify ou o Youtube. Como é que tu como músico vês este fenómeno virtual?
Acho o Máximo! Também não uso cassetes, ou LPs ou Cds! Ouço tudo de forma digital e precisamente em plataformas como o Youtube e Spotify… ou em mp3 do meu computador.

07. No estado actual mundial e sendo tu músico/compositor e com as fronteiras do mundo literalmente abertas a artistas e aventureiros, acabas por ser um artista que viaja muito ou que vive muito no seu próprio mundo no teu acto de criação musical?
Sim, já viajei pelo Mundo e sim, vivo muito em minha casa no meu estúdio a produzir, analisar e a escutar música.

08. Como descreverias o Vítor Rua, sendo tu uma personagem de ti mesmo?
Um Animal Musical.

Segundo Interlúdio musical com um video magistral de Vitor Rua




09. Poderias nos mencionar alguns dos teus artistas favoritos em qualquer arte e quais as obras que acabaram por te influenciar no teu universo musical?
O que me influencia pode ser um nascer do Sol, ou uma viagem pelo Oriente ou simplesmente ler um livro ou ver um filme. Nomes de músicos que eu adore são milhares. Mas posso citar Lachenmann, Sciarrino, Radulescu, Spahkinger, Terterian, Korndorf, Sumera, Rojko, Bowie, Reed, Hendrix, Monk.

Helmut Lachenmann - compositor alemão 

Salvatore Sciarrino - compositor italiano 

Horațiu Rădulescu - compositor romeno

Avet Terterian - compositor arménio 

Nikolai Sergeevich Korndorf - compositor canadiano 


Lepo Sumera - compositor estoniano 

Uroš Rojko - compositor esloveno 

David bowie como "the thin white duke"


Lou Reed 

Jimmy Henrix 

Thelonius Monk 
10. Num encontro provável com a tua própria sombra, com quem é que achas que a mesma gostaria de tomar um café?
Uma sombra 


Como nunca tomei café na vida, nem nunca bebi álcool na vida e como nunca fumei tabaco na vida se calhar não escolheria um café para estar com a minha sombra… Mas se fosse para beber um chá gostaria de o fazer com a criadora do termo “Feminismo”!

Um conceito 
11. O que pensas dos novos festivais internacionais de música que vão aparecendo no Porto como é o caso do Primavera Sounds?
Não faço a mínima ideia pois nunca fui. Mas esses não são Festivais de Cervejas ou telecomunicações?… Eu a ir a um Festival teria de ser de Música.

12. Quando visitas o Porto, acabas por te sentir em casa ou ficas um pouco perdido com a diversificação de idiomas que agora fazem parte do quotidiano da cidade? 


A ponte D.Luis criada por Eiffel 

Quando visito o Porto ou vou para casa dos meus familiares ou vou a espaços para dar concertos. Nesses sítios nunca me deparei com esses problemas. Mas suponho que o que acontece no Porto está acontecer pelo País inteiro...

13. Num cenário apocalíptico que música ou album teu irias resgatar em algo analógico?
Toda a minha Música: discos, temas, composições, canções instrumentais… tudo!

14. Como é que tu como compositor vês a proliferação de uma nova panóplia de imagens (des)concentradas num espaço tão amplo como é a world wide web?
Como é que eu vejo “uma nova panóplia de imagens”?… Mas quais imagens?… Fotografias?… Não entendo a pergunta...


15. A música contemporanea ainda te faz vibrar como quando eras mais novo?
Referes-te à chamada música “erudita”?… Se sim, ando muito desiludido com esta. Acho-a presunçosa e arrogante e que está num claro estado de mainstrimezação que não me interessa nadinha. Prefiro escutar Scott Walker a um Pascal Dusapin...


Scott Walker 


Pascal Dusapin
16. És um amante de Banda desenhada?
Sou sim: muito!
 Se sim, poderias mencionar para os leitores deste blogue alguns dos teus personagens favoritos?
Spirit, Asterix, Corto Maltese, Krazy Kat, Litlle Nemo...


Um gajo nascido na invicta como o personagem The Spirit num tributo ao mestre Will Eisner pelo artista espanhol Pedro Rodriguez 


Uderzo desenhando Astérix 



Corto Maltese desenhado pelo artista espanhol Ruben Pellejero 

Um simples gajo nascido no Porto perdido em trabalhos artísticos a ler um livro sobre o personagem corto maltese criado pelo mestre italiano Hugo Pratt 

Krazy Kat de George Herriman 

Little nemo de Winsor Mckay 

17. Como acabou por ser a tua colaboração musical com o Luciano Amaro Barbosa para os Repórter Estrábico (infelizmente falecido em 5 de maio deste ano) e que ele me mencionou numa entrevista que fiz neste mesmo blogue com a sua sombra?


Bilhete de identidade de Luciano Amaro Barbosa 


A colaboração foi como produtor dos Repórter Estrábico e não com ele especificamente. Foi com toda a Banda. E eu só conhecia pessoalmente o vocalista, o pintor António Olaio e o guitarrista Ferrão, e era mais com estes que eu me dava e falava e transmitia as minhas ideias.



António Olaio

Uma pintura de António Olaio 

Terceiro e último Interlúdio musical com um video dedicado à série de Tv "Twin Peaks The Return" criada pelo mestre Americano David Lynch em parceria com Mark Frost


Manuel Espírito Santo 



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