Por vezes quando estou a pensar ou a sonhar escrevo poemas de amor sem cessar.
Mascara - 01 |
01)
Estava eu a observar a maresia num qualquer dia...
Sem saber como ou porquê, apareces-me na minha mente algo ausente...
As ondas batiam e batiam...
Observava as gaivotas no seu grasnar junto ao mar...
Tu estavas com o cabelo atado nas suas águas lançado e dizias-me isto:
- Segue-me...
- Escuta o Oceano a chamar pelo teu nome...
Eu estava incrédulo com o que estava a acontecer, pois era um facto que estava a anoitecer...
Fiquei a olhar para os teus olhos e os mesmos eram negros...
A inquietude assolou o meu corpo, pois já nem sabia se era manhã ou dia.
Tu continuavas a dizer-me isto ao ouvido direito:
- Anda lá, vive no pretérito perfeito...
- Não coloques o minimo defeito...
Olhei para o teu sorriso enquanto tentava vislumbrar o que tinhas firme na tua mão esquerda enquanto me dizias isto:
- É somente uma concha onde a água salgada se transforma em nada...
Mesmo assim, meio assustado/apavorado pensava nas nossas memórias de infância com ânsia enquanto me perguntavas:
- Posso saber por quem lavras palavras?
Eu puxava de um cigarro num afago, ia observando estas palavras escritas no seu fumo:
- A flor da ilusão é o berço duma nação...
Tu atiravas-me água salgada para a face num qualquer enlace.
Já não via frases a voar num mero estalar de dedos sem segredos.
Tu gritavas na minha direção:
- VEM CHEIRAR A RAZÃO DA NOSSA NAÇÃO...
Eu já nada escutava, pois as rochas que envolviam a praia me diziam:
- Desmaia...
Sei que de repente vieste na minha direção.
A concha que antes estava fechada na tua mão, estava aberta no chão...
Ambos ficamos a olhar para ela, estava esbelta segura e formosa...
Fiquei a pensar se a mesma seria bondosa...
Fomos tomar um café pé ante pé...
O teu corpo estava salpicado e salgado...
A noite era dia numa melodia...
O teu cabelo era loiro nuns segundos, negro nuns minutos e branco numas horas sem demoras...
Fiquei a observar os teus lábios, tanto eram secos como um ramo ou húmidos como o copo de água que estava entre nós os dois numa qualquer esplanada virada para uma nascente com o sol ausente...
Já não gritavas, nem sequer falavas comigo num porto perdido...
Sem saber o que fazer deleitei-me no nosso lazer encostado a uma qualquer árvore onde o seu oxigénio era o nosso génio...
Continuavas a observar a concha aberta/desperta...
Eu sem saber o que fazer, agarrei num pequeno papel e tentei transformá-lo numa lua de mel...
O cigarro estava a acabar e de repente olhei para ti e só fiquei encantado ao ver-te a observar o mar...
Alguém |
02)
Estava num café sem pensar...
Não sabia o que fazer enquanto escrevia um livro devagar...
Os teus olhos diziam-me isto:
- Um belo sorriso não é uma ilusão do coração.
Os teus lábios formados em circulo falavam-me de um ciclo ...
Tu dizias-me para não pensar...
O teu corpo não estava ausente...
A tua mente estava presente...
Gatos, pardais, rouxinóis eram melodias constantes em simples instantes...
Não precisavas de falar comigo, pois o tempo nunca é perdido....
Sem saber onde estava o anoitecer, acordavamos juntos ao amanhecer ...
Tu dizias-me isto:
- Um sentimento não se esvanece no tempo num lamento...
Uma guitarra qualquer ia tocando uma qualquer melodia num belo dia...
Alguém nos dizia:
- Já nada interessa...
- Já nada é certeza numa qualquer beleza da natureza ...
Partilhavamos um simples pão num qualquer jardim sem fim com o nosso coração...
Falavas-me de viagens, paragens e inclusive miragens ...
Estavamos parados no tempo, num qualquer reflexo num anexo...
O teu corpo estava com frio num arrepio...
Pedias-me para te abraçar sem saber se estavamos noutro lugar...
Falavas-me de magia com energia massiva num qualquer dia...
Estavamos perdidos numa rua minha e tua...
Tu dizias-me isto:
- Razão...
- Paixão...
- Coração...
Eu não codificava ou descodificava nada...
Não pensava num país estrangeiro...
Nem sequer pensava num idioma universal sem paralelo igual...
Tu ias-me falando da tua cidade com saudade...
Contavas-me tudo por metade...
Eu não entendia, nem queria entender os verbos "ser" ou "nascer"...
Falavamos sem pensar...
Dançavamos sem navegar...
As nossas mãos estavam unidas sem feridas...
Tu contavas-me algo...
Eu continuava a não pensar em nada enquanto vacilava perante a tua imagem numa paragem...
Passando entre rios e mares somente me dizias isto:
- O espelho de uma qualquer nação será sempre a sua emoção...
Didi Wray |
Não penso em ti...
Todavia penso na tua identidade...
Não penso num cigarro...
Penso na tua idade...
Não penso no verão...
Não penso numa ilusão...
Não penso numa nação...
Não penso com razão...
Talvez pense em ti quando a vida nos sorri...
Penso no teu cabelo lançado ao vento...
Penso que és mais que um mero momento...
Tenho a certeza que não penso em ti...
Mesmo quando a vida é uma sensação movida sem razáo...
Será que penso em ti quando não pensas em mim?
Observo o teu corpo com o perfume de flores de jasmim...
Não penso...
Não sonho...
Talvez esteja a fumar um cigarro quando o teu sorriso é preciso...
Já te disse que não pensava em ti?
A vida é uma estrada perdida e nunca esquecida...
Logo, tenho a certeza que penso em ti...
O teu cabelo bate na minha face num desenlace...
Talvez o nosso momento seja o voar de um pardal com uma beleza natural...
Talvez (sempre talvez)...
Tu és eu e eu sou tu quando observamos as estrelas a olho nú...
Já mencionei que não penso em ti, certo?
Estava a mentir...
Estava a sorrir...
Estava nos laços dos teus braços...
Estava nos teus olhos quando trazias um vestido de mil folhos....
Uma vez uma gata disse-me:
- Sê a tua saudade...
- Sê a tua cidade sem idade...
- Sê a tua identidade...
Logicamente que estás no meu pensamento num momento nada perdido no tempo ou escamoteado pelo vento num qualquer tormento...
Mascara - 03 |
Um Fantasma |
Mascara - 02 |
Obrigado ás mulheres que vão partilhando um pouco do seu espaço comigo.
Obrigado especial ás músicas Russa Mascara e á música Argentina Didi Wray para as quais por vezes escrevo cartas de amor neste ou num qualquer idioma estrangeiro
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