A devotional tour |
Numa rua cheia de fascínio procuro o vislumbrar de um olhar sem cessar.
Numa avenida cheia de árvores procuro a essência dentro da ciência.
Numa qualquer praça da invicta procuro a vida infinita.
De repente saco uma caixinha com alguns fósforos (somente seis), enquanto vou escutando na minha mente, alma e espírito sons e ecos distante numa qualquer caverna gélida e fria junto a um palácio de cristal onde está poisado um mero pardal.
O mesmo vai-me murmurando palavras ao meu ouvido:
- Estás a escrever para quem?
- Estás a escrever para a Cláudia que é de prata ou para um qualquer boneco de lata?
Eu continuo a tentar acender um cigarro com um simples fósforo e de repente vejo deuses e deusas a caminharem neste mesmo palácio na mui nobre e invicta que me vão gritando :
- TIRA AS MÃOS DA GRADE.
- COLOCA O CORAÇÃO JUNTO Á TUA MÃO.
- NUNCA DEIXES QUE UM QUALQUER ROUXINOL TE TORNE NUM SIMPLES ANZOL.
Olho para as estátuas no jardim que parecem que estão em movimento a sorrirem para mim.
Fico um pouco assustado, pois a roupa que trago faz com que eu possa virar um simples queimado.
Pé ante pé e com suavidade, noto que alguém me segue e olho para trás com medo que uma ninfa ou uma musa tropeçasse em mim num lamento sem fim.
Vejo o teu rosto e o teu cabelo a baloiçar entre árvore e árvore e um coração cheio de ilusão num sonho entre o que é razão e o que é ficção.
Vislumbro-te com um vestido rosa sem qualquer prosa e de repente estou a lavar o meu rosto gasto no tempo sem um qualquer lamento.
Tu vais me dizendo frases soltas:
- Que fazes?
- Quem és?
- O que é que fizeste?
- Quem fala contigo quando andas junto a campos de trigo?
Eu fico sentado num banco a ver o fumo que sai da minha boca rouca de tanto gritar e sem caneta ou tinta digo-te umas meras frases aleatórias :
- Já não te via há 25 anos.
- Onde estavas quando te procurava num papel num fio de cordel?
Observo-te a dançar ao ritmo de uma música dos Depeche Mode e tu vais-me dizendo isto:
- Será que me sentes?
- O sol brilha e o nosso reino é mais que uma ilha.
Continuo a deambular pelo jardim á procura da mais bela flor que possa encontrar neste jardim de cristal sem sal.
Noto a presença de gatos, pavões, pombas, insectos e outros demais seres enquanto olho para as flores num desejo constante de encontrar uma flor sem dor, mas com cor para te dar num qualquer tempo sem um lamento.
Tu continuas a dançar e dizes-me isto:
- Queres ver o mundo pelos meus olhos?
- Levo-te ás profundezas do oceano ou á montanha mais alta que fará com que o teu corpo esteja numa constante dança de prazer em lazer.
- Queres vir a um piquenique comigo?
- Levo o pão que amas e o queijo que me faz lembrar um simples beijo.
Vejo as tuas frases escritas no horizonte junto a um qualquer monte e peço-te para descermos este jardim sem fim até uma marginal onde o que está certo ou errado não são 25 anos, mas sim gestos nunca esquecidos num momento onde o tempo parou para uma simples bolha se tornar numa linda folha.
Descemos as escadas do jardim sem fim onde vislumbramos livros a serem escritos e escritos por deuses e fadas pagãs num bosque na invicta.
O teu vestido cobre-te até aos pés e quando observo-te com mais atenção, noto que estás descalça e a dar-me a mão.
Um gato passa.
Um pardal esvoaça.
No jardim sem fim e num qualquer segredo sem medo, vais-me gritando:
- OLHA PARA O OUTRO LADO DO ESPELHO.
- DÁ-ME O TEU CORAÇÃO E IREI DAR-TE A MINHA MÃO.
- ESTÁS PERDIDO NUM LIVRO NUMA IDENTIDADE SEM IDADE.
- SERÁ QUE IREMOS DANÇAR COM UM COPO NA MÃO CHEIOS DE PAIXÃO?
Olho para a caixa de fósforos que trago comigo e vejo somente dois pequenos fósforos que vão entrando num diálogo curioso e nada furioso:
- Não sabes que o teu coração é fruto de uma nação?
- Não sabes que o amor é uma cabana que abana?
Eu fico perdido no labirinto do jardim sem fim e sigo os teus passos sem laços.
Olho para o teu rosto.
Vislumbro o teu sorriso.
Observo os teus olhos.
Vou reparando como danças de uma forma mágica que nunca é trágica.
Entramos num estado de nirvana total sem cigarros ou fósforos, vejo o teu vestido a dançar com o vento, vejo as minhas roupas enfiadas numa simples caixinha de cartão que está muito á mão.
Continuo a observar-te sem uma resposta a comunicação onde a pura razão vem sempre do coração.
Tu vais-me dizendo isto na minha alma.
- Imprime uma foto minha.
- Faz com que o mundo rodopie sobre si mesmo.
- Não escrevas à mão quando notas que as cores do mundo não têm fundo.
Continuamos os dois no jardim sem fim e entras num livro sem perigo, a personagem principal és tu quando procuras um puzzle esquecido na tua mente, mas nunca na tua alma de criança de outrora ou de agora.
Vemos os dois uma simples fonte dentro das páginas que criamos e mergulhamos nela como se da a coisa mais bela deste mundo se tratasse num qualquer enlace.
Vou-te dizendo isto:
- Não estamos perdidos num livro sem história?
- Não estamos esquecidos num tempo sem memória?
E tu respondes-me com um simples sorriso:
- Será que não sabes que as ruas não tem nome e a nossa dança será sempre eterna e nunca enferma?
- Será que não sabes que 25 anos fazem com que tudo possa mudar de lugar, mas tudo continua a correr muito devagar?
Continuamos os dois no livro onde também existe um jardim sem fim, uma ilha nunca esquecida, um monte no horizonte e uma memória com história num prazer infinito onde o tempo não passa de um mero grito.
Continua
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