- Como estamos?
Perguntas-me tu...
Eu fico a pensar em segundos e respondo-te:
- Estamos no século passado nos loucos anos vinte querida...
- La belle époque...
- Sem nenhuma ferida...
- Estás a ler os meus escritos?
- Não são gritos...
- São simples ovos fritos...
De repente levantas-te e sem me dizeres nada tiras-me a minha camisa de flanela para ficares um pouco mais bela...
- Está frio...
- Entendo...
- Necessitamos de um crescendo...
- Dum innuendo...
Tu ficas a olhar para mim e perguntas-me isto:
- E a máscara para irmos comprar pão, coração?
Eu tento encontrar uma resposta e digo-te isto:
- Sabes como a vida é meu amor...
- Tem que existir cor...
- Talvez dinheiro...
- Que me dizes tu de olharmos para as folhas de um pinheiro?
- Compramos doce teixeira...
- Comemos maças de uma macieira...
- Eu contigo subo a uma nespereira...
- Até ao fim do mundo profundo...
- Gosto muito de toda a gente a observar uma simples nascente...
- Dá-me a tua mão...
- Anda lá...
- Um-do-li-tá...
Tu ficas a observar-me com alguma paciência enquanto percorro a beleza da tua essência...
- Tu és sempre assim...
- Que posso eu fazer?
- Estamos juntos num prazer sem fim...
- Acabas por ser o meu bife frito sem um gemido num tempo ido...
- Tenho que te meter gel no teu cabelo audaz...
- As brancas deixam-te sagaz...
- Anos vinte?
- A sério?
- Mas pouco mudou, certo?
Perguntas-me
- Não sei de nada meu amor...
- Acho que anda para ai um vírus que é um pavor...
- Anda comigo...
- Vamos unir o nosso umbigo...
- Sem pensar no perigo...
Respondo-te.
De repente os teus olhos ficam meio extasiados e dizes-me isto:
- Eu nunca sei de nada...
- Sou a tua fada?
- Isso é verdade...
- És a minha identidade...
- Sempre foste alto e magro...
- Tenho que te dar um múltiplo afago...
- Fazes-me sentir perdida...
- Mesmo renascida...
- Ai...
- Vida...
- Carro desvairado...
- O teu corpo espraiado...
- Será que estamos a cometer um pecado?
- O meu telemóvel está a tocar...
- Achas que o devo colocar a descansar?
Eu fico a observar o teu cabelo a baloiçar o ar...
Sou fustigado por ele no meu rosto sem posto...
Respondo-te:
- O nosso tempo é sempre o momento...
- A efervescência das horas que passam é somente o movimento...
- Adoro a tua politica verdadeiramente analítica/critica...
- Que fazer quando não temos máscara para a moda actual?
- Vamos ao supermercado e compramos uma normal?
Ficas a observar o movimento dos poros do meu corpo...
Eu observo o teu corpo num porto..
Respondes-me:
- Sabes o que nos falta, certo?
- Borracha na cara...
- O cimento não nos pára..
- Hoje é o dia do trabalhador meu amor...
- Adoro quando me beijas com sabor a cerejas...
- Talvez...
- Sei lá eu...
- Sempre de uma só vez...
Sussurras-me isto no meu ouvido direito enquanto sinto um teu gemido contido...
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