Eu, a Didi, a Gorda e o Bela |
- Um...
- Dois...
- Três...
- És tu, outra vez?
A Gorda começa a mirar-me enquanto salta para a minha camisola sem gola.
A Didi diz-me isto:
- Ela é louca por ti...
- Eu nem sei como ela te vê num instante de relance...
- Tiveste saudades minhas meu amor sem dor?
Eu estava sem cigarros...
A minha mente estava presente...
O meu corpo estava dormente...
Dizia-te isto:
- Querida, Bela é um facto e não um acto...
- Corto Maltese é um projecto não um artefacto...
- Tu és a minha história nunca perdida numa qualquer saída...
Tu estavas com uma camisola azul mar e dizias que sentias falta de me amar...
- A tua caneta não é preta...
- A Gorda é a nossa Cinderella sendo Bela...
- Os meus lábios são o teu doce nada melancólico, mas sim melódico...
Abraçavas-me...
Despenteavas o meu cabelo...
Escutavamos um som bom...
Estavamos no nosso quarto a dançar sem parar até desmaiar...
A Gorda estava no nosso jardim sem fim... Estavamos dentro dum orgasmo e não num espasmo...
Dizias-me isto:
- As tuas botas são pesadas e demasiado grandes para mim...
- Posso usar a tua t-shirt no nosso momento com tempo?
- Quero observar as cicatrizes do teu coração com emoção e ilusão...
- Sou tua como a lua...
A Gorda miava sem parar num prazer com lazer...
Os pássaros cantavam até ao anoitecer...
Estátuas não estavam paradas...
Estavam iradas...
- Será que me irás amar para sempre mesmo quando a tua mente estiver ausente?
Perguntavas-me isto...
Eu sem t-shirt e com o corpo fazia-te um movimento num crescendo...
- É o bater das asas dum morcego sem capa, sem borracha que tudo racha?
Perguntavas-me isto.
O quarto eras tu e eu num ser único que procurava ir até ao mais profundo deste mundo...
- Sentes o meu coração na tua mão?
- Não sabes que sou o teu vulcão com paixão?
A Gorda continuava a deambular pela casa a observar uma asa...
Ela era Bela...
Ela era felina...
De repente sem eu calcular, não contávamos estrelas no ar...
Os teus olhos negros possuíam o meu corpo nada morto e eu dizia-te isto:
- Existe a nossa casa...
- Existe amor com cor...
Num acto narrativo |
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