Num tempo remoto...
Existia um porto...
Uma caixa...
Na baixa...
Escutava isto:
- Lembras-te de mim?
- Pessoas sem fim...
- Flores de jasmim...
- Muita cor...
- Indolor...
- Palavras distanciadas...
- Sem traquejo...
- Com um simples beijo...
Era o tempo do "não afecto"...
Cientistas colados ao tecto...
Eu sabia lá o que escrever...
Talvez fosse o seu prazer...
Talvez fosse o seu lazer...
Pensei para mim:
- Para sempre...
- No mundo presente...
- Sol nascente ou poente...
- Algo com emoção...
- Sem paixão...
- Manifesto sem ilusão...
De repente vinha na rua nua...
Um rouxinol falava-me de um anzol...
O diálogo dele era poesia vinda de um cigarro:
- Peça de teatro...
- Facto...
- Com tacto...
- Mundo intacto...
- Garganta presente...
- Nunca ausente...
- Existe um pedaço de papel amarelo...
- Dizem que é belo...
Fiquei a observar as suas cores...
Sem dores...
Ele e os seus amores...
De repente aparece ao meu lado uma gata num estado perdido...
- Num tempo esquecido...
- A pensar no que é nutrido...
- Farinha, milho e trigo...
- Num figo...
- Ser mais que um simples umbigo...
- Comigo ou contigo...
Ela dizia-me isto...
Sem saber o que lhe responder, observava o sol a nascer...
Respondia-lhe:
- Aparecer...
- Amanhecer...
- Desaparecer...
- Anoitecer...
O rouxinol do Reino Unido falava-me dum porto de abrigo...
Um guardanapo...
Um objecto...
Num farrapo...
Pendurado no tecto...
Era uma qualquer canção...
Era a sombra duma nação...
Era um simples humano pagão...
Palavras eram sussuradas:
- Somos articuladas...
- Nada organizadas...
- Desvairadas...
- Nada iradas...
- Um pouco atadas...
Eu ficava a observar uma estação...
Sinónimo de uma qualquer paixão...
Tu ias-me perguntando:
- É um innuendo?
- Um crescendo?
- Magia sem energia?
- Potência sem ausência?
- Um alfinete no cabelo sem pente?
Eu observava um rosto...
Era um posto...
Talvez fosse a essência da ciência...
Respondia-te:
- Já sei...
- Talvez...
- Sem Opus Dei...
- 1...
- 2...
- 3...
- Era uma reunião...
- Uma qualquer fusão...
- Uma vassoura...
- Na lâmina de uma tesoura...
- Sei que não era um alicate...
- Nem um xeque-mate...
Falavas-me do mundo como algo profundo:
- 4...
- 5...
- 6...
- Sem papéis...
- O voar duma casa...
- Sem asa...
- Uma família num pensamento...
- Sem um tormento...
- Num qualquer momento...
Eu continuava a escutar o rouxinol da velha Albion e as palavras que a mesma me sussurava estavam num vestido Prada...
Olhei para ti...
Na terceira pessoa...
A fruta era boa...
Respondia-te:
- O Deus do vinho...
- Baco...
- Azevinho...
- Opaco...
Voltavas a observar o mar...
Murmuravas-me isto ao meu ouvido:
- Palavras num trajecto...
- Nada perdido...
- Sombras de afecto...
- Num tempo ido...
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